segunda-feira, 18 de maio de 2009

Uma só cachaça - Gazeta de Ribeirão Preto

Carro de Boi — A união de 9 produtores resulta na criação de uma única bebida que será lançada ainda neste ano

EDUARDO PEREIRA - Especial para a Gazeta

Reunir nove cachaças diferentes para fazer uma só, e especial. Esta é a idéia dos nove fazendeiros da Associação dos Produtores de Cachaça da Alta Mogiana (Asprocam). A partir de junho, eles iniciam a produção da Carro de Boi, um projeto discutido desde 2003 mas que somente agora começa a sair do papel para se transformar na verdadeira cachaça premium.

“Nós queremos juntar o que tem de melhor as cachaças de cada um dos nove para fazer uma especial, de gosto apurado, é um processo que chamamos de blend. Teremos um analista químico para fazer um estudo das cachaças e destacar as qualidades de cada uma”, afirmou Hugo Evaristo Benedini, proprietário da Fazenda Santa Esília, em Bonfim Paulista, onde será finalizado o produto e local em que ele produz desde 1985 a cachaça Gabriela, nome de uma das suas filhas.

Segundo Hugo, a Carro de Boi terá um sabor diferente da maioria das cachaças atuais, principalmente as mais vendidas no mercado interno. “Nossa cachaça vai ser produzida em alambique, tem um sabor único, completamente diferente de uma industrializada. Posso afirmar, sem medo de errar, que essa cachaça não vai perder em nada para um bom uísque, afinal, os dois são produtos alambicados”, disse.

O preço da garrafa deve girar em torno de R$ 15. A expectativa da Asprocam é colocá-la nas prateleiras dos supermercados, no máximo, até julho. “Queremos vender pelo menos cinco mil unidades nesse primeiro ano de lançamento. É um número ambicioso, mas que acreditamos ser possível chegar”, afirmou Benedini.

QUAL NOME? Um dos fatores que contribuíram para o atraso do desenvolvimento do projeto foi o nome para a nova cachaça. Benedini admite que foi complicado encontrar um registro que ainda não contasse no levantamento do Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI).

“Acho que a coisa mais complicada no Brasil é encontrar um nome para a cachaça. Em todas as nossas reuniões, levantávamos vários, mas todos já estavam registrados. Precisamos pensar em algum relacionado à pecuária para dar certo”, brincou o fazendeiro. “E Carro de Boi também já existe, mas é nome de uma churrascaria.”

Expectativa é levar bebida para o exterior

Após consolidar a marca no País, os produtores da Carro de Boi querem exportá-la. “Nossa meta é vender para fora pelo menos 50 mil unidades até 2010. Temos mercados em crescimento, principalmente na Alemanha, Estados Unidos, França e Ásia”, afirmou Hugo Benedini, que já negociou sua cachaça Gabriela com ingleses e alemães. Apesar de a bebida ainda não ter pegado no exterior, dados do Instituto Brasileiro da Cachaça (Ibrac) mostram que em 2008, o Brasil conseguiu exportar 11 milhões de litros de cachaça – que geraram uma receita de US$ 16,41 milhões –, sendo 35% para o mercado alemão e 12% para o norte-americano.

Porém, os fazendeiros acreditam que os números poderiam ser superiores se a taxação sobre o produto não atingisse cerca de 80% de seu valor final. De acordo com o Ibrac, o País tem capacidade para produzir 1,2 bilhões de litros de cachaça anualmente, mas exporta apenas 1% disso. (EP)

Fonte: http://www.gazetaderibeirao.com.br/conteudo/mostra_noticia.asp?noticia=1634144&area=92020&authent=6712DEACD01740DEABD53740AEF9D5

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